Projeto, coproduzido por Leandra Leal, tem como objetivo rodar duas ficções e um documentário em três semanas
A empreitada foi batizada de Projeto Sonia Silk. O nome é uma homenagem à personagem de Helena Ignez em "Copacabana mon amour" (1970), também gestado em processo coletivo na extinta produtora Belair, de Rogério Sganzerla (1946-2004) e Julio Bressane.
— Duas ideias primordiais nortearam a nossa realização. A primeira: fazer uma companhia de cinema. A segunda: combinar talentos e disciplinas, ou seja, trazer estrelas de novelas das oito para filmar com cineastas autorais longas que têm artistas plásticos no set e usam músicas de Caetano na trilha — diz Safadi, realizador de "Meu nome é Dindi" (2007). — Queremos lançar os três filmes no Festival de Roterdã, na Holanda, em 2013.
Pretti tornou-se conhecido por seu trabalho no coletivo Alumbramento, do Ceará, que rodou "Estrada para Ythaca" (2010), marco do Novíssimo Cinema Brasileiro. É dele a direção de "O Rio nos pertence", em que Leandra está às voltas como uma conspiração promovida pelo mercado imobiliário que gera um surto de suicídios em massa na cidade.
— O mais bacana do Projeto Sonia Silk é que ele me permite um trabalho de coautoria para além da minha participação como atriz e produtora — diz Leandra. — A fronteira dos cargos entre nós não é fechada.
No ano passado, Leandra filmou com Safadi o drama "Éden", ainda inédito. Acabadas as filmagens, eles embarcaram no Projeto Sonia Silk, cuja ideia Safadi desenvolveu ao filmar com Noa Bressane um documentário sobre a Belair, lançado em 2011. Nas pesquisas, ele colheu exemplos históricos sobre iniciativas de filmar projetos autorais otimizando tempo e gastos, como o Grupo Dziga Vertov, que uniu Jean-Pierre Gorin e Jean-Luc Godard nos anos 1970.
Apoio do Canal Brasil
Com recursos obtidos junto ao Canal Brasil e a presença de Leandra, ele e Pedro viabilizaram tramas que compensam o baixo orçamento com invenção. Em "Amor Fati", Safadi conta como o casal Antonia e Pedro (Mariana e Pinheiro) se desestabiliza quando ela se apaixona por Luana, vivida por Leandra.
— É um olhar sobre relações amorosas contemporâneas — diz Leandra.
Nos três projetos, Safadi e Pretti filmaram com o fotógrafo Ivo Lopes Araújo, a artista visual Luísa Horta (na direção de arte) e o técnico de som e cineasta Pedro Diógenes.
— A relação do Rio de Janeiro com o cinema sempre me pareceu um bicho de sete cabeças. De um lado estamos sujeitos à imponência de um mercado televisivo glamouroso e, do outro, há uma realidade cultural que desconfia muito da relevância que a arte pode e deve ter. Por isso o cinema carioca se ancora muito nas normas do mercado pra poder se legitimar e existir — diz Pretti. — O Sonia Silk, nesse sentido, foi capaz de unir pessoas de vários universos em prol de três filmes inusitados, urgentes.
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