domingo, 12 de setembro de 2010

A felicidade dos peixes

(edward hopper)

O mundo. Cheio de possibilidades maravilhosas pros que desejam ultrapassar a esquina e se perder. As escolhas reduzem as possibilidades, por isso ainda não escolhi. O título é a felicidade dos peixes mas bem que poderia ser de mãos dadas com a morte ou então sozinho eu chego à lua. É sobre um homem e seu apartamento vazio, sua TV a cabo transmitindo faroeste e um copo de whisky na mão,  ajudinha do diabo pros que não conseguem sonhar sóbrio.

O filme deve ser sóbrio, todo construído de planos fixos, corte-secos, som direto e cores mornas. Me interessa o minimalismo de Bresson, a precisão de Ozu, o universo mítico de John Ford, os grand canyons em scope, a balada melancólica do caipira que não sabe tocar violão, mas que toca. É sobre esse homem meio velho e cansado que não é triste e nem feliz. Capaz de escutar Mozart e ver Fellini. Incapaz de ligar ou mandar um e-mail pra antigos amores e perguntar “como você está? Pensei em ti dia desses”. Ele quase não fala, pois não tem a quem dizer. Ele dorme, come e nada. E assiste TV.

Nessa fase ainda não se sabe muita coisa. Vejo filmes e procuro indícios. Observo as pessoas e me pergunto quem eu quero filmar.  Ainda não sei. O filme ainda não tem ator, locação ou equipe, mas devo filmar até o dia 30 de outubro. Volto aqui e posto fotos.

Na verdade eu quero doar um personagem a um ator, uma casa a um fotógrafo, um silêncio ao microfonista e mobília, panos e tintas a um pintor. Me deito no sofá, abro uma latinha de cerveja, ligo a TV e começo a filmar o primeiro plano.

Nenhum comentário: