segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Cinema independente hoje na Paraíba

por Daniel Araújo*

Depois de ler o ensaio Por um cinema pós-industrial (postado logo abaixo deste texto ou diretamente na fonte: http://www.revistacinetica.com.br/cinemaposindustrial.htm ) decide me expressar sobre o assunto. Conforme percebemos, o momento é muito oportuno pra tomarmos as rédias definitivamente da produção, distribução e exibição do cinema que estamos produzindo. O cenário é favorável, varios estados já estão organizados nessa era pós-industrial do cinema, os coletivos de cinema estão ocupando os espaços do cinema industrial. Os meios de produção hoje estão a nossa disposição, disposmos de ilha de edição, montadores, tecnicos, etc. tudo aqui em nossa cidade. Dispomos hoje, ainda que precariamente, de alguns espaços de exibição para essa produção. A cooperativa de filmes da granel é um experimento que precisa de amadurecimento, é preciso levantar o debate sobre esse nova forma de fazer cinema através de um coletivo. Os varios coletivos de cinema espalhados pelo brasil a afora estão se legitimando e ganhando força, sem dúvida disputaram verbas para sua manutenção e desenvolvimento em futuros editais direcionados para esta nova area.

O site do RNA (rede nacional de audiovisual: http://www.rna.org.br/ ) é um dos varios instrumentos de fomentação existentes, mas que ainda foi pouco explorado pelos cineastas paraibanos. Cinema não é apenas fruição estética de um pequeno grupos de amigos, é preciso ter consciencia que cinema é uma intervenção pública na sociedade, portanto uma intervenção politica. Existe um publico, seja aqui em nossa cidade, seja no brasil, a procura de novas relaçoes/fruiçoes com um cinema independente/coletivo/alternativo. Estamos formando uma nova geração de espectadores. Quem são os nossos socio/espectadores dessa produção do cinema paraibano? As fronteiras nacionais praticamente acabaram com as novas tecnologias da Internet. Ainda não sei qual a cara desse novo cinema paraibano, mas acho oportuno um debate. Para que e para quem fazemos cinema? pra um público instrumentalizado/especializado? Acho que podemos falar de nossa aldeia (paraiba) e sermos também universal/popular. Nossa cidade hoje comporta todos os problemas de qualquer cidade no mundo, são temas/problemas de interesse global, eis a chave!

Não dá pra perder de vista que somos mercadoria, nossa produção embora independente/alternativa pode ser descartada pelo mercado, talvez sobre alguns poucos espaços/ilhas de exibição, mas é só. Embora os coletivos fortaleçam as redes de exibição e distribuição, ainda corremos o risco da invisibilidade de nossos produtos. Temos que criar condiçoes pra que essa produção tenha um minimo de visibilidade. Não quero produzir filmes e ficar invisivel. é perda de tempo, é uma garrafa lançada no oceano, esperando que alguem a descubra no futuro. Qual o alcance da produção de filmes da Cooperativa Granel ? Conforme o texto (por um cinema pos-industrial) o "cinema industrial" não é um inimigo do cinema independente, podemos trabalhar lado a lado com ele. Sabemos que este cinema industrial não quer perder dinheiro com experimentos cinematograficos que não resultem em lucros. A partir do momento em que um desses coletivos despertarem a curiosidade de um grande público (isso já está acontecendo) o cinema industrial vai chegar junto! não será por afinidade, solidariedade, etc. será pelo pontencial de lucro que estes coletivos podem gerar.

O que queremos com a Cooperativa de filmes a granel? qual o objetivo da nossa produção? Seremos visitados por empresários do cinema industrial para futuras parcerias com o mercado? Mais do que qualquer outra arte, fazer cinema é uma intervenção na esfera pública, na sociedade, se ignorarmos esse fato, das duas uma: seremos inconscientes deste significado politico e o que temos a dizer no cinema se torna irrelevante ou seremos hipócritas, pois sabemos dessa dimensão publica/politica do cinema, mas fingiremos que não temos nada a ver com isso.

sem mais delongas,

Mundo Livre vamos nessa!!

{*Integrante da Cooperativa de Filme a Granel}

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