terça-feira, 26 de abril de 2011

“Baptista Virou Máquina”, de Carlos Dowling na primeira noite do CEN 2011

A primeira sessão da Mostra competitiva de longas-metragens do CineEsquemaNovo 2011 aconteceu no início da noite ontem com a exibição do filme “Baptista Virou Máquina”, de Carlos Dowling (PB), seguido de um debate na sala P.F. Gastal, na Usina do Gasômetro. O longa é uma produção coletiva que surgiu da incorporação de idéias e relações afetivas entre diversos amigos que trabalham em conjunto em João Pessoa e recentemente formaram uma cooperativa de produção chamada Filmes a Granel (leia mais sobre a cooperativa aqui).


Frame de "Baptista Virou Máquina"

Trata-se de uma experiência visual produzida para ilustrar o mais recente álbum do grupo instrumental paraibano Burro Morto, inicialmente um coletivo artístico formado em 2007 que algum tempo depois se tornou banda. Tanto o álbum quanto a sua trilha visual foram desenvolvidos para o projeto Pixinguinha (Funarte) e foram lançados recentemente em conjunto em CD e DVD. Assista aqui a um trecho de uma apresentação da banda Burro Morto com a exibição do filme "Baptista Virou Máquina".

Carlos Dowling, diretor do longa, produziu o álbum homônimo ao filme e explica que “o argumento geral da obra foi uma proposta da banda, que havia criado um personagem solitário que vive imerso em uma ambiência futurística e pós-industrial como mote narrativo para compor as músicas que fazem parte do álbum. A partir daí surgiu a idéia de criar também uma trilha visual que ilustrasse esse cenário de ‘inconsciente maquínico’ e uma espécie de humanização deste personagem. Assim surgiu ‘Baptista’, um personagem fruto de uma hibridização entre máquina e ser humano”.

Partindo deste contexto, o diretor criou uma narrativa visual para o personagem sem preocupação com uma perspectiva de linearidade, já que o fio condutor desta narrativa são as músicas instrumentais. O mundo de Baptista é um ambiente pouco comum, e sua existência se define à materialidade limítrofe do corpo atrelado ao maquinário, entre soldas, combustíveis e ferramentas.

No fundo o longa nos mostra Baptista deixando de ser máquina, se tornando humano, em carne e osso. Talvez possamos chamar esse processo de reencarnação (a máquina que se torna carne), uma espécie de humanização da máquina em que Baptista havia se acoplado.

Após a exibição de “Baptista Virou Máquina” aconteceu um debate que contou com a presença de Carlos Dowling e também de outros dois realizadores paraibanos: Arthur Lins, diretor do curta “A Felicidade dos Peixes” e Tavinho Teixeira, diretor do longa “Luzeiro Volante”, ambos selecionados para as Mostras competitivas do CEN 2011.

Debate após a exibição do longa "Baptista Virou Máquina"

Os realizadores aproveitaram o espaço para explicitar algumas características importantes da produção coletiva da cooperativa Filmes a Granel, que teve seu pontapé inicial com o financiamento de “Baptista Virou Máquina” pela Funarte. Eles também conversaram sobre a produção audiovisual na Paraíba, enfatizando a tendência atual de produções ficcionais em contraponto à produção documental , ligada a questões históricas, sociais e regionais, uma tradição recorrente no estado.

** O longa-metragem "Luzeiro Volante", de Tavinho Teixeira, será exibido na terça-feira, dia 26, às 18h, na sala P.F. Gastal (Usina do Gasômetro), seguido de um debate com a presença do diretor, e também no dia 27, às 16h30, no Cine Bancários.
** O curta-metragem "A Felicidade dos Peixes", de Arthur Lins, será exibido na terça-feira, dia 26, às 19h, no Cine Bancários, seguido de um debate com a presença do diretor, e também no dia 27, às 15h30, na sala P.F. Gastal (Usina do Gasômetro).


{extraído do Blog do CineEsquemaNovo, em 25/04/2011}





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