quarta-feira, 24 de agosto de 2011

CINEMA


Por Bernardo Souza

Cinema é uma expressão vinda da palavra grega kinema (κίνημα) e quer dizer “movimento”.
As imagens em movimento acompanham a história da humanidade desde sempre mas, desde certas invenções francesa e estadunidense no final do século XIX, acabamos chamando de Cinema aquilo que, dentro de uma sala completamente escura e silenciosa, nos faz sonhar de olhos abertos.

As cadeiras confortáveis, dispostas numa rampa, descansam o nosso corpo e, olhando para uma tela suspensa em meio à escuridão, somos tragados por imagens e sons.
Essa experiência coletiva na qual se sonha, ao mesmo tempo junto e sozinho, marcou profundamente o século XX e continua, com intensidade, marcando o recém chegado séc. XXI.

Televisão, youtube, mp4 players e demais gerigonças tecnológicas fazem parte do nosso dia a dia e, em meio a um mundo de imagens, vale a pena nos perguntarmos de novo o que é Cinema.

Aqui em João Pessoa, assim como no resto do país, experimentar esse sonho acordado passou a se confundir com uma visita ao shopping.

EM CARTAZ
Enquanto no Shopping Manaíra e Mag Shopping 5 produções estadunidenses em cartaz[1], totalizando um investimento de 900 milhões de reais, alcançam juntas a marca de 2.1 bilhões de reais de bilheteria no mundo[2] (1.3 vezes o investimento do governo brasileiro em Cultura previsto para o ano de 2011[3]), o estado da Paraíba tem produzido um precioso presente cinematográfico que, pela despretensiosa forma de ser, nos traz, enfim, a potência das coisas simples: Kinema.

PELA ARTE
Sem a real existência de financiamento público ou um mercado cinematográfico na Paraíba, um grupo de 20 cineastas paraibanos, cheios de vontade de fazer filmes a todo e qualquer custo, resolveu, em meados de 2010, se reunir numa cooperativa e produzir seus próprios filmes.

A cooperativa, com o sugestivo nome Filmes a Granel[4] funciona assim: Todos os 20 realizadores pagam R$50 por mês e, todo mês, sorteiam um dos colaboradores que recebera o bolão mensal de R$1.000. O vencedor recebe do SEBRAE, parceiro da cooperativa, o mesmo valor arrecadado pelo bolão e, com a bagatela de R$2.000 no bolso, mais a ajuda dos outros 19 realizadores e equipamentos disponibilizados pelo Núcleo de Produção Digital - PB, tem 3 messes para tirar seu projeto de curta-metragem pronto do forno.

Esses filmes, que passam longe das salas de cinema dos shoppings, vem alcançando projeção nacional e circulando por importantes festivais como Festival Internacional de Curtas de São Paulo (SP), Cineesquemanovo (SC), Festival Internacional de Cinema Feminino (RJ), Mostra de Cinema de Ouro Preto (MG), dentre outros.

Os filmes produzidos pela cooperativa Filmes a Granel são lançados no tintin cineclube (que exibe bons filmes às quartas-feiras no Espaço Cultural às 19:30), sempre na última quarta-feira do mês, numa sessão especial de nome Assacine que acontece na Usina Cultural da Energisa às 20:30. A título de excepcionalidade a próxima Assacine acontecerá no dia 25/08, numa quinta, às 19h30. Vale a pena aparecer por lá e conhecer o cinema daqui!

Se a falta de grana para a produção nacional demanda um  “Assalto ao banco central”[5] (R$10 milhões de produção – GLOBO FILMES + FOX),  aos corações tristes de quem ama cinema, esse grupo de cineasta repleto de paixão lembra “Onde está a felicidade” (R$7.5 milhões de produção – GLOBO FILMES + FOX)[1].



[1] Meia Noite em Paris; Quero matar meu Chefe; Super 8; Os Smurfs; Lanterna Verde e Capitão America – O Primeiro Vingador
[2] www.boxofficemojo.com
[3] www.brasil.gov.br
[4] http://www.filmesagranel.blogspot.com/
[5] Em cartaz no Manaíra Shopping
[6] Em cartaz no Manaíra Shopping e Mag Shopping

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