quarta-feira, 30 de março de 2011

Nova fornada do cinema paraibano

Por: Tiago germano

É possível dizer que as duas ficções lançadas hoje pelo ‘Assacine’ são obras cinematográficas confluentes que, sem a intenção expressa de seus realizadores, estabelecem um diálogo profuso que se estende de sua produção ao resultado final que veremos esta noite, a partir das 20h30, na sala de exibições da Usina Cultural Energisa, em João Pessoa.
Produzidos pela Filmes à Granel, cooperativa que tem escoado a nova safra de talentos do audiovisual paraibano no circuito de cinema alternativo, o curta-metragem A Felicidade dos Peixes (Brasil, 2011), de Arthur Lins, e o longa-metragem Luzeiro Volante (Brasil, 2011), de Tavinho Teixeira, baseiam suas narrativas em metáforas complementares.
No longa, o caráter errático do protagonista é representado pela sua angústia diante de um leito de rio interrompido pela usina hidrelétrica em que trabalha.
Quando um ‘apagão’ lhe faz abandonar o emprego para vagar sem destino certo, o personagem é essa tromba d’água que transpõe a nascente do concreto para ganhar o mar.
O filme é, de acordo com Tavinho Teixeira, um road movie “sobre a estrada e da estrada”, na medida em que envolveu equipes de vários estados como São Paulo, Paraíba, Paraná e Ceará.
Já o curta também recorre à simbologia das águas para representar o cotidiano de um ermitão completamente avesso ao convívio social.
O abrigo desse personagem é como um aquário humano onde ele, seu único peixe, come, dorme, trabalha, ama.
Segundo o diretor Arthur Lins, o personagem foi inspirado nos ostracídeos, família de peixes vulgarmente conhecidos como ‘peixes- cofre’, que lançam toxinas no seu habitat, o que os afasta de outros peixes.

DESAGUANDO
Os dois filmes foram selecionados para o CineEsquemaNovo – Festival de Porto Alegre, que este ano realiza sua 7ª edição entre os dias 23 e 30 de abril, na capital gaúcha.
De acordo com Arthur Lins, ambas as produções chamaram a atenção dos organizadores do festival a partir de um primeiro corte, enviado pelos diretores à época das inscrições. No Assacine, porém, serão exibidas as versões definitivas dos filmes.
Para Arthur, que viu O Plano do Cachorro (2009), curta seu em parceria com Ely Marques, finalizar ano passado uma bem-sucedida carreira em festivais, A Felicidade dos Peixes lhe colocou diante do desafio de fazer, com poucos recursos, um filme que sintetizasse o que ele acredita ser do seu cinema.
Tavinho Teixeira, por outro lado, atribui a motricidade do seu longa à “potência do acaso”. Originalmente concebido para um curta-metragem, o roteiro ganhou corpo quando o diretor (que também atua no filme) foi a São Paulo visitar sua filha, a atriz Mariah Teixeira (que também acabou indo parar no elenco).
O projeto acabou despertando o interesse de uma produtora local, a Prèt-à-Pôrter, que deu suporte às gravações que tiveram como locação cidades dos estados de São Paulo e Paraná.

[extraido do Jornal da Paraiba, 30/03/2011]

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